Parte 7 - Muito mico, mas com um amigo!

Parte 7 - Muito mico, mas com um amigo!

 

 

Que noite tinha sido, foi muito bom o dia, o culto foi maravilhoso, desperta em nosso coração algo que quer se aproximar de Deus, minha mãe estava sentada na sala com seu Ipad e as luzes quase todas apagadas, dona Clarisse deveria ter ido pra casa.

 

-Oi mãe! –Eu disse baixo.

-Oi, já está tarde!

-Sim, me desculpe.

-Recebi sua mensagem, sabe como eu fico preocupada com você na casa do Gustavo! Ele é um bom garoto, mas eu não gosto, tem que vigiar mais!

-Sim mãe, não gosto muito de ficar lá também, eu não repito.

-Espero que sim, vou deitar.

-Sim, eu vou comer alguma coisa.

-Boa noite, Deus abençoe você.

-Boa noite mãe, amém!

 

Encarar minha mãe foi difícil, ela realmente ficava preocupada e aquilo cortava meu coração. Dona Clarisse já tinha ido embora, peguei um pão de queijo e refrigerante. Comia enquanto envia uma mensagem para Liliam: ‘Que dia lindo! Queria ter ficado mais, mas aí íamos te causar incômodo! O Rodney sempre sendo aquele irmão mais velho, leve-o pra França! Brincadeira, beijo!’ Assim que tinha terminado fui para meu quarto, terminei tudo o que tinha que fazer e fui dormir. No dia seguinte minha mãe me acordou, eu me levantei me arrumando, havia uma mensagem recebida no meu celular, enquanto comia eu ia lendo, era de Gustavo: ‘Amor foi muito bom te ter aqui em casa, bom ficar perto de você, me desculpe qualquer coisa, agente se vê. ’ Enquanto minha mãe preparava o almoço eu conversava com meu pai.

 

 

-Você sabe que eu quero muito ver seu namorado, ele anda sumido, é muito calado e sem falar que parece que não tem nenhum interesse com Deus.

-Pai?
-Pai? Duda você merece alguém especial, eu não vou julgar ele uma pessoa horrível, mas eu vou esperar que ele demonstre ser alguém especial.

-Eu também espero!

 

Enquanto eu escutava a música que tinha cantado com Lucas mexia no Twitter, Samuel me chamou: ‘Poxa, você podia vir aqui no shopping, se encontrar com agente, estamos na loja onde o Lucas está trabalhando!’ Então eu respondi: ‘Não vai dar, tenho um almoço de domingo!’ Ele me ligou.

 

-Oi Duda, bom dia!

-Bom dia, como você está?
-Estou bem e você?
-Bem, escutando ‘Cores’?
-Sim!

-Você ama essa música, não é?
-Demais, e esse papo de almoço?
-Agente vai almoçar aqui no shopping, vem almoçar com agente?
-Não dá, vou almoçar com meu pai, minha mãe e o Gustavo.

-Ah! Tudo bem. Se rolar está eu, Clara, Rafaela, Julya, Vinicius e o Lucas.

-Ok! Obrigada pelo convite!

-Tudo bem!

-Mas onde ele está trabalhando?
-Na loja de instrumentos do pai dele.

-Está bem! Tchau!

-Tchau!

 

 

Estava bem animada, enquanto mexia no meu notebook esperava que Gustavo chegasse, mas o tempo passava e nada dele chegar até que deu uma hora da tarde, minha mãe foi falar comigo.

 

-Duda, ele te ligou?
-Não mãe.

-Liga pra ele, a comida já está pronta.

-Está bem!

 

Enquanto minha mãe saia do quarto eu ligava pra ele, já estava com medo do que ele podia falar.

 

-Oi amor! –Disse ele.

-Oi! Tudo bem?
-Tudo, e você?
-Bem, aconteceu alguma coisa?
-Não, por quê?

-Porque agente tem um almoço, não lembra?
-Sim, claro! Desculpe é que eu estou no aeroporto.

-Aeroporto?
-Sim, minha mãe volta hoje, lembra que ela viajou, era pra ter chegado mais cedo, mas o vôo está atrasado, sabe como são os aeroportos, não sei se vou consegui chegar a tempo, melhor vocês almoçarem sem mim.

-Por que não ligou pra avisar Gustavo?
-Desculpe amor, eu queria muito ir, mas agora que você ligou e já está tarde eu estou vendo que não vai dar pra eu ir, sinto muito!

-Ok.

-Desculpe gata, eu queria estar aí com você, peço desculpa os seus pais.

-Ok, até mais.

-Até mais, tchau!

 

Eu fiquei muito chateada, estava cansada com as decepções que ele me causava, tentava entendê-lo, mas sabia que ele tinha esquecido e que não ia fazer esforço nem pra ir mais tarde. Desci, meus pais estavam na sala de jantar.

 

-Então, ele está vindo Duda? –Disse minha mãe.

-Não!

-Então vamos comer? –Disse meu pai.

-Não! Comam vocês, eu vou encontrar os meninos no shopping.

-Não senhora, pode sentar aí! –Disse meu pai.

-Pai, por favor, eu não estou bem, eu vou pro shopping.

-Deixa amor! –Disse minha mãe.

-Tchau, bom almoço!

-Tchau! –Disseram eles.

 

Fui para o shopping, queria esquecer aquilo e me animar, eu ia me sentir melhor com os meninos. Quando cheguei procurava a loja de instrumentos e nada, até que fui para o andar de cima e encontrei uma loja bem legal e lá dentro o Lucas, parecia estar atendendo, eu entrei e não vi os meninos, só ele e outros dois garotos. Ele terminou de atender e veio até mim.

 

-Oi Eduarda! –Disse ele.

-Oi Lucas, como vai?
-Muito e você? Surpresa te ver aqui! –Eu sorri.

-Bem, é que o Samuel me convidou para o tal almoço.

-Sim, eles devem estar almoçando ainda, como eu tenho que tomar conta daqui eu tive que voltar mais cedo.

-Você toma conta?
-Filho do dono!

-Que poder! –Nós rimos.

-Porque você não vai lá?
-Acho que foi loucura eu ter vindo, melhor eu ir embora.

-Não, encontra com eles, vão gostar de te ver!

-Vou embora mesmo. Tchau Lucas!

-Então Tchau!

 

Assim que nos despedimos, eu estava indo embora da loja quando ele me chamou.

 

-Duda?
-Oi! –Eu disse me virando.

-Porque você não desce comigo?
-E a loja?
-Tenho duas pessoas competentes e a loja já vai fechar! Vamos?
-Tudo bem! –Eu sorri, estava precisando de uma companhia, como ele era uma pessoa de Deus, com certeza ia ser legal. Saímos da loja.

-Que bom que ficou, parece que você está meio... Não sei o que você tem?
-Que menino maluco, nada!

-Olha que de loucura eu entendo muito bem!

-Como assim?
-Louco por Jesus!

-Não diga!

-Digo sim! Já percebeu como a sociedade, as pessoas que não conhecem o que conhecemos, nos olha?
-Sim!

-Somos loucos!

-É verdade!

-Não estou vendo eles! –Ele disse assim que estávamos chegando ao restaurante.

-Será que já foram?
-Do jeito que são, devem estar no cinema!

-Amam uma farra!

 

 

Chegamos ao restaurante, nos sentamos do jeito que eu estava ia acabar comendo muito sem perceber.

 

 

-Não vou querer muito! –Disse ele.

-Nem sei o que vou escolher. –Eu disse.

-Um hambúrguer mais refrigerante. –Disse ele.

-Quero o número 5.

 

 

Assim que veio o garçom fizemos o pedido, o meu era um dos pratos mais gordurosos, tinha de tudo, bacon, salada, batata frita, enquanto Lucas só comia um hambúrguer que era bem menos calórico que aquele prato. O nosso prato chegou bem rápido.

 

 

-Está tudo bem? –Disse Lucas

-Sim! Por quê?
-Tenho uma irmã, de vinte sete anos, de vez em quando, depois de algumas brigas, ela pegava o pote de sorvete na geladeira e comia tudo resmungando! –Nós rimos.

-Desculpe, eu estou extrapolando!

-Tudo bem, não precisa pedir desculpas a mim!

-Às vezes ela só estava muito brava ou decepcionada.

-Entendo, mas não vale descontar no corpo isso, existe uma forma melhor.

-Qual?
-Deus! Ele pode tirar esse sentimento que arde do coração e colocar paz, uma coisa que vem de dentro para fora.

-Legal!

-Muito, agente tem que lançar sobre ele toda ansiedade, Deus cuida de nós.

-Você tem razão! É aquela velha história de esquecer a grandeza Dele!

-Isso mesmo.

-Posso te falar uma coisa pessoal?
-Pode!

-Eu estou muito brava com meu namorado, por isso essa situação engraçada.

-Perdoa ele, não deve ter feito por mal.

-Agente quer a pessoa que gosta sempre por perto!

-Verdade, mas às vezes existem limitações.

-O caso dele não é esse, é que eu não sou sempre a prioridade, eu entendo que nem sempre ele vai poder me dar atenção, mas quando ele puder, eu quero que ele esteja por perto, nem sempre está e às vezes se torna chato!

-Quem sabe essa não é uma dificuldade de muitos casais? Talvez esteja trabalhando para ter um final feliz, ou só ele, mas os dois têm que fazer. Eu não estou dizendo que não estão, está bem? –Eu sorri.

-Tudo bem!

-Conversa com ele.

-Não vai dar certo e sinceramente, todo sentimento está desgastado. Uma garota não quer sempre ser trocada pelos amigos, não quer que esconda dela algo que quase todos ao seu redor sabem, uma garota quer ser amiga. Desculpe Lucas, não quero deixar seu domingo chato!

-Está tudo bem, Eduarda sempre pode contar comigo.

-Obrigado, você também! Vamos mudar de assunto, vai?
-Tudo bem!

-Quando vai me ensinar a tocar violão?
-No dia que você cantar!

-Ah! Eu cantei aquele dia.

-Cantou! Sua voz nem saiu!

-Tudo bem! Eu não sou muito boa nisso vocês são melhores que eu.

-Que isso, o mesmo Deus que me deu isso deu a você e como ele não faz acepção você também tem algo bom só precisa redescobrir.

-Tem razão! É meio difícil! Mas é preciso muita atitude.

-Isso é!

-Eu queria um violão, Gianinni! Um pouco claro ou mais escuro!

-Por quê?
-Não sei, existem momentos na vida como a infância em que você é feliz e não atribui valor quando perde se arrepende!

-É!

-Quero muito redescobri isso!

-Quem sabe um dia você ganha? Pensei que você era do tipo que pedia tudo ao pai.

-Nossa! Por quê? –Eu ri.

-O jeito, Samuel sempre falava de você, mas não é nada disso!

-O que Samuel falava?
-Que você era uma garota cheia da grana, mas que não era metida.

-Isso é verdade! Samuel é muito cara de pau e você é diferente dele.

-Amém! –Nós rimos.

-Morar aqui é legal, tenho vários amigos que curto demais, mas às vezes eu sinto falta de alguma coisa.

-Deixa Deus preencher isso.

 

 

Fiquei em silêncio e por um instante ele me olhou nos olhos, parecia querer me dizer alguma coisa, mas não falava. Estava muito bom conversar com Lucas, era um garoto diferente, não sei se podia chamá-lo de garoto. Mas era uma pessoa maravilhosa.

 

 

-Ele não vai me decepcionar! –Eu disse.

-Nunca, ele vai te amar como ninguém amou te chamar de filha.

-O amor Dele é tanto, não é?
-Incomparável mais que alguém possa te amar, ele vai te amar incondicionalmente, não vai te pedir nada em troca.

-Porque eu amar alguém que não me trata bem?
-O mundo é assim Eduarda, todos nós temos defeitos, mas o amor não olha isso, ele vai além, já se perguntou por que Deus te ama?

-Acho que posso entender! É tão precioso para muitos a morte de Jesus, eles conseguem enxergar a fundo, outros não!

-A maior prova de amor, não se perca na decepção, deixa Deus preencher tudo.

-Ok! Sua namorada deve ficar muito feliz com você! –Ele riu.

-Eu não tenho namorada!

-Nossa! Hoje não é o meu dia! –Eu ri com ele.

-Já disse que não tem problema, eu só estou sendo preparado para quando ela chegar eu fazer ela feliz! Isso não é bonito?
-Lindo! –Eu olhei a mão dele e não vi aliança enquanto na minha mão tinha uma prateada bem grossa.

 

 

Terminamos de almoçar, estava sendo um domingo maravilhoso, aprendendo lições boas.

 

 

-Hora de ir, os meninos já deve ter ido embora! –Disse ele.

-Sim, é verdade, desculpe ter tomado seu tempo. –Eu disse naquela hora o garçom veio com a conta.

-Não se preocupe, eu só estava tomando conta a pedido do meu pai, a verdade é que eu não gosto de trabalhar com ele.

-Por quê? Se me permite a pergunta. –Não queria ser indelicada, ele pagou toda a conta.

-Tudo fácil demais, ele sempre me ensinou a procurar aquilo que eu realmente ia querer para minha vida, não ficar pegando o dinheiro dele e não dando valor. Assim eu descobri a dança.

-Que legal, meu pai também tem uma empresa, ele tem um bifê, mas engraçado que nunca toma conta da comida em casa.

-Já ouvi falar do bifê dele, é bem respeitado aqui na cidade.

-Sim, mas ele tem planos para levar as outras cidades.

-E você quer tomar conta? Cuidar também?
-Não é o que eu planejo pra mim, na verdade nem sei, mas eu descubro.

-Descobre sim, vamos?
-Vamos!

 

 

Levantamos, fomos andando até a entrada do shopping, eu ia embora.

 

 

-Obrigado pelo almoço, foi bem divertido, mas muito bom! –Disse ele.

-E como! Eu vou indo, agente se vê!

-Agente se vê. Deus abençoe você! –Eu sorri, ele realmente levava Deus a sério.

-Amém a você também!

 

 

Fui embora, peguei um táxi, me sentia mais leve, aliviada e feliz. Quando nos encontramos com pessoas enviadas de Deus, elas só nos fazem bem. Quando já estava na porta de casa meu pai me ligou, eu nem atendi e já entrei.

 

 

-Duda! Já estava preocupado. Como você está? –Disse meu pai.

-Estou bem, estava no shopping, com o Lucas.

-O Lucas, sim, Gustavo ligou tanto, disse que não consegui falar com você.

-Que estranho! –Eu olhei meu celular e tinhas duas chamadas não atendidas, mas não ouvi barulho.

-Comeu alguma coisa? -Disse minha mãe.

-Comi. Perdão eu não ter passado o almoço com vocês. Eu fiquei brava demais com o Gustavo.

-Agente perdoa você! Vai se arrumar que hoje tem culto.

-Está bem, apesar de que está cedo.

 

 

Subi para meu quarto, sentei e pensei se ia ligar para Gustavo ou não. Acabei ligando.

 

 

-Até que enfim! Oi amor! –Disse ele.

-Oi!

-Te liguei, mas não atendeu, achei que estava com muita raiva de mim.

-Estava!

-Não brinca comigo.

-Eu estou falando sério, mas já estou melhor, uma pessoa querida me ajudou.

-Quem?
-O Lucas, é que eu fui encontrar com os meninos no shopping e não os vi, mas o Lucas estava lá.

-Está brincando, não é?
-Não!

-Como você tem a coragem de me falar isso? Enquanto eu estava preso no aeroporto esperando minha mãe você estava com outro cara no shopping?

-Calma, eu tinha ido encontrar com meus amigos e só encontrei o Lucas. Ele conversou comigo, eu estava chateada e me disse para conversar com você.

-Que fofo, ele estava te consolando! –Ele riu.

-Amor, eu gosto de você.
-Se eu encontrar esse cara...

-Deixa de ser idiota Gustavo! O assunto não é o Lucas e sim nós dois, será que da para parar com isso que já deu, já está chato.

-Está bem gata! Quer assim?
-Amor, chega! Agente se fala depois.

-Tchau! -Ele terminou a chamada.

 

 

Fiquei um pouco preocupada, às vezes ele demonstrava muito ciúmes, mas um ciúme bobo que só nos atrapalhava, eu sabia que tinha que tomar cuidado com o que falava. Separei a minha roupa, Vanessa me ligou.

 

 

-Oi! –Disse ela.

-Oi! –Eu disse.

-O que você está aprontando?
-Nada!

-Menina está um tédio, a festa ontem foi muito boa, você perdeu!

-Não perdi nada!

-Foi muito legal! Os meninos compraram até bebida com álcool. Eu não tomei, Aline estava com uma cara.

-O que ela tem?
-Nada! Vamos sair?
-Vamos que dia?
-Pode ser amanhã ou quarta!

-Pode ser! O que você fez que não perdesse nada?
-Fui para a casa da minha prima a Liliam e aí agente e divertiu muito, fui ao culto, fui para a casa do Gustavo depois.

-Opa! –Ela riu.

-Vanessa! Só fiquei um pouco com ele, e hoje fui para o shopping, Gustavo não gostou nada, ele ia almoçar comigo, mas não pode foi buscar a mãe e então eu fui pro shopping e almocei com um amigo meu, ele me ajudou muito, mas Gustavo não gostou.

-Sei! Cuidado, se fosse o Gustavo você ia gostar?

-Eu não ia ver mal, mas se eu estiver errada tudo bem!

-E esse Lucas?
-Vanessa não incomoda com isso, é um amigo da igreja.

-Sei.
- Agente se fala depois!

-Está bem!

-Tchau!

-Tchau!

 

 

Vanessa era amiga de Gustavo, às vezes eles viviam colados, eu não tinha ciúme disso, mas não gostava quando ela contava coisas minhas que no momento eu não estava pronta para falar e ela contava. Não me preocupei, fui preparar minha roupa.

 

 

 

 

 

 

Parte 8 - O culto ficou mais legal com os amigos! 

 

                                       

 

 

Vesti uma roupa bem black, sem perder o jeito adolescente, ficou bom. Desci para a piscina, meus pais estavam lá tomando café, comecei a tomar café com eles.

 

-Que linda! –Disse minha mãe.

-Preto demais.

-Pai você também está ótimo com esse terno!

-E como foi com Lucas? –Disse ele.

-Bem, eu só pagava mico!

-É mesmo? –Disse ele.

-Marcos, deixa a menina.

-O legal é que ele é uma pessoa que leva Deus muito a sério, me disse cada coisa.

-O que ele disse? –Disse minha mãe.

-Sobre Deus, para eu deixar Deus preencher tudo em meu coração.

-Faça isso! –Disse minha mãe.

-Que mais? –Disse meu pai.

-Ele disse que Deus pode tirar todo sentimento que arde do nosso coração.

-Que maravilha, passou bem à tarde, Lucas é um menino muito especial. –Disse minha mãe.

-Diferente de muitos! –Disse meu pai.

-Oi gente! –Disse Sofia.

 

 

Sofia era uma amiga da família, conhecia minha mãe desde a escola, era muito querida. Tinha um jeito de mulher independente, ela era casada com Leandro um pastor e tinha uma filha de doze anos chamada Rute.

 

 

-Como você vai entrando assim? –Disse meu pai.

-Desculpe, eu percebi que a Clarisse não estava aqui então entrei, mas com a chave que vocês me deram. –Disse ela se aproximando de nós.

-Vou trocar essa fechadura! –Disse meu pai comprimentando ela.

-Oi Sofia! –Eu disse.

-Oi, como você está? –Disse ela.

-Bem e você, a Rute?

-Estão ótimos, vão bem. Ainda namorando aquela benção?
-Sim!

-Que bom que apareceu! –Disse minha mãe.

-Só apareci antes do culto, não quero incomodar vocês, no final do ano vou viajar para o Rio!

-Ainda bem, não incomode agente! –Disse meu pai.

-Chega Marcos! –Disse minha mãe.

-Porque vai viajar?
-Os motivos é que estou prestes a abrir uma loja no Rio em parceria com minha irmã mais velha que mora lá.

-A Karla? –Disse meu pai.

-Isso! Uma loja de roupas em um lugar excelente eu vou acompanhar daqui, mas sempre indo pra lá, então, o que me dizem?
-Com certeza, vai nessa! –Disse meu pai sorrindo.

-Isso é muito bom! –Eu disse.

-Ótimo, vamos orar por isso.

-Tem razão! –Disse ela.

-E o que você entende de roupa? –Eu disse.

-Muita coisa, era meu sonho quando estava na escola. Ser atendente de uma loja de roupas. Agora se Deus quiser vou ter uma.

-Várias! –Disse minha mãe.

-Isso é bom, e o Leandro, por que não veio? –Disse meu pai.

-Saiu com a Rute, estávamos voltando daí passei aqui antes de ir pra casa, eu vou ir agora antes que ele me ligue.

-Ele está certo, vai mesmo. –Disse meu pai.

-Vocês estão me devendo umas visitas! –Disse Sofia.

-Vamos pagar! –Disse minha mãe.

-Tchau gente, beijinhos! –Disse ela se despedindo.

-Vou acompanhar você. –Disse minha mãe.

-Tchau! –Dissemos eu e meu pai.

-Essa é maluquinha! –Eu disse.

-Nem fala! Coitado do Leandro. –Nós rimos, estávamos brincando.

-Legal ela ir pro Rio de Janeiro, estou até com saudades de lá.

-Sim, eu também, uma bela comida naquela praia na primeira vez que eu fui não tinha preço! Nem com chuva agente saía! –Ele sorria.

-Bom sua mãe se apressar, já está na hora. Vai terminar de se arrumar.

 

 

Fiz como meu pai pediu, terminei. Fomos para o culto, vi a Clara.

 

 

-Oi Duda! –Disse ela.

-Oi Clara! –Eu disse, nos comprimentamos.

-Você foi ao shopping hoje?
-Fui, mas quando cheguei não vi vocês, só o Lucas.

-Que pena, por um lado.

-Foi bom conversar com ele.

-O Lucas é muito legal! Que bom que vocês conversaram, ele ajuda muito. Apesar de às vezes ser chato! –Ela riu.

-É mesmo?
-Como naquele dia na minha casa sujando tudo!

-Entendi! –Ri com ela.

-Ele vai dançar hoje, lembra daquele ensaio?
-Sim.

-Vai ser apresentado hoje, difícil falar com ele, Samuel não vai e mais um motivo para ele vir pro meu lado.

-Você não gosta, não é?
-Posso confiar em você?
-Pode, não vou falar nada!

-Ele é legal, mas eu só tenho medo de a velha história se repetir, ter um relacionamento frustrado!

-Fica calma, se vocês dois estiverem juntos, vocês mesmo vão lutar para o final feliz, respeitando os limites um do outro!

-Tem razão, depois agente conversa!

-O Lucas me disse!

-Tinha que ser. Por que não vem sentar comigo?
-Vamos lá.

 

 

Fui me sentar perto dela e logo Samuel se aproximou.

 

 

-Oi meninas! –Disse ele.

-Oi! –Eu disse.

-Oi Samuel! –Disse Clara.

-Duda você foi ao shopping? –Disse Samuel.

-Sim, alguém comentou?
-Sim, o Lucas, que você tinha ido, mas não nos achou!

-Na verdade nem procurei.

-É mesmo? –Disse ele sorrindo, fiz uma cara censurando-o.

-Vou me sentar perto dos meninos, até mais!

-Até mais! –Disse Clara.

-Tchau! –Eu disse.

 

 

O culto havia começado, a oração logo após uma rápida leitura da Bíblia e as canções, os louvores. Aí sim veio a apresentação deles, estavam todos vestidos de preto, mas não tinha visto Lucas, eles apresentaram o grupo, na mistura de músicas deles começaram com ‘Caia com a Babilônia ou brilhe na luz de Jesus’ então pularam para ‘Eu vejo uma luz’ aí vi Lucas entrando com uma roupa diferente. Eles mudaram um pouco, mas percebi que o que eles queriam dizer era para não cair ainda sim existia uma luz. Foi muito boa à dança, tocou no meu coração, como sei que deve ter tocado no coração de muitos. Depois disso os avisos, o boletim e a pregação que foi muito linda. Dizia sobre a igreja, igreja somos todos nós. Quando acabou Samuel, Rafaela, Vinicius, Julya e Lucas vieram até nós.

 

 

-Foi muito louco! –Disse Vinicius falando sobre a dança.

-Meu, será que dá para vocês ficarem quietos? –Disse Samuel.

-Gente, o Lucas foi à luz! –Disse Clara.

-Galera, vocês estão muito agitadinhos, não acha? –Disse Rafaela, todos falavam ao mesmo tempo.

-Vem Samuel, Clara, Eduarda. –Disse Lucas.

-Tchau gente! –Eu disse me despedindo deles assim como Clara, Eduarda Samuel e Lucas.

 

 

Fomos até a saída.

 

 

-Esses meninos são malucos mesmo! –Disse Clara.

-É verdade! –Disse Samuel rindo.

-Curtiram a dança? –Disse Lucas.

-Ficou muito bom! –Eu disse.

-Que bom tudo para Deus! –Disse Lucas.

-Ficou muito bom, agora é esperar para o campeonato no final do ano! –Disse Samuel.

-Vai ter? –Disse Clara

-Vamos fazer entre algumas igrejas. –Disse Lucas.

-Que legal curto demais! –Eu disse.

-Eles dançam muito! –Disse Clara.

-Você também, só o seu estilo de dança que é diferente do nosso, mas podíamos fazer uma mistura! –Disse Lucas.

-Eu topo, ia ficar lindo! –Disse Clara.

-Verdade! –Disse Samuel. Eu ri dele.

-O que foi? –Disse Lucas sorrindo.

-A cara do Samuel! –Eu disse.

-O sujo falando do mal lavado! –Disse Samuel. Eles riram.

-Meu querido, onde você está vendo esse ‘sujo’ aqui? Tem sorte, eu vou ter que ir agora! Tchau! –Eu disse vendo minha mãe me chamar.

-Tchau! –Disseram eles se despedindo de mim.

 

 

Quando fui embora fiquei olhando a paisagem pela janela do carro e pensando como estava sendo legal ir à igreja e não ficar com frustração. Cheguei a casa e queria deitar, tomei um suco e fui me preparar para dormir, recebi uma mensagem de Liliam: ‘Eduarda, você é muito especial para todos nós, nunca se esqueça disso! Boa noite!’ Achei linda a mensagem, respondi, fui dormir no dia seguinte minha mãe me acordou levantei e me arrumei para a escola.

 

 

-Filha, Duda! Para de comer e mexer nesse celular! –Disse meu pai enquanto lia a mensagem de Liliam.

-Desculpe! –Guardei o celular.

-Ontem ela chegou a casa tarde Marcos, conversei com ela para ver se ela criava mais juízo.

-Mãe!

-Não venha com essa de ‘Mãe!’ Já fui adolescente, você tem que entender que não é bom para você isso.

-Eu entendo pai, mas não precisa ficar repetindo e voltando no mesmo assunto!

-Se já entendeu tudo bem! –Disse minha mãe.

-Vou te levar pra escola, termine de se arrumar! –Disse meu pai.

 

 Terminei de me arrumar e fui com meu pai, estudava com vontade, na hora do intervalo me sentei com Vanessa.

 

-Foi ótima a festa, você perdeu! –Disse ela.

-Não perdi, foi muito bom o meu final de semana! Gustavo nem mencionou a festa comigo.

-Passaram juntos?

-Sim! E foi muito bom!

-Sei depois você não vem me falar nada!

-Como assim?
-Nada! –Olhei para o lado e vi Aline discutindo com Felipe.

-Olha! –Eu disse para Vanessa preocupada.

-Ela não te falou nada?
-Não, o que está acontecendo?
-Deixa ela te falar! –Vi Felipe se afastando dela.

-Acho que vou lá.

-Vai, ela não vai te receber mal!

-Está bem!

 

Fui até Aline, ela estava mais afastada, chorava e eu não entendi nada.

 

-Aline? –Eu disse.

-Oi. –Disse ela limpando as lágrimas.

-O que foi?
-Nada!

-Nada? Fala o que você tem, sabe que pode contar comigo!

-É que... Eu nem sei como dizer!

-Fala!

-Eu estou grávida! –Disse ela chorando, eu a abracei surpresa com aquela noticia.

-Não fica assim, agente vai dar um jeito! –Eu disse.

-Eu estou com muito medo! –Disse ela.

-Calma, vamos nos sentar. –Eu disse levando ela. Peguei uma garrafa com água e dei para ela.

-Meu pai vai me matar, o Felipe discutiu comigo dizendo que a culpa era minha, ainda bem que é final de ano e eu vou me formar.

-Sim, mas você não fez nada sozinha.

-O Felipe só está com medo, mas eu estou com mais medo do meu pai.

-As coisas vão melhorar.

-Eu não queria estar grávida, eu sou nova, eu tenho uma vida pela frente!

-Calma amiga! Não fica assim.

-A Vanessa está vindo.

-Oi. Eu te avisei! –Disse Vanessa.

-Vanessa? –Eu disse.

-Vanessa, cuida da sua vida, você não é ninguém pra falar comigo nada, sábado? Foi o dia que eu mais me surpreendi com você e esse seu jeito!

-Tudo bem! Então não falo nada! –Disse Vanessa.

-Você conversou com seus pais? –Eu disse.

-Não, acabei de descobrir.

-Eu vi o Felipe, ele não parecia bem! –Disse Vanessa.

-Eu vou conversar com ele. –Disse Aline mais calma.

-Tudo bem, vai lá! –Eu disse, ela foi falar com Felipe.

-Coitado do Felipe! -Disse Vanessa.

-Porque você é assim?

-Como assim?
-Seja amiga, não uma... Eu vou ir até Gustavo. –Ela riu.

-Tchau!

 

Não sabia o que fazer, Aline era meiga, e aquilo ter acontecido com ela me abalou muito.

 

-Oi amor! –Eu disse falando com Gustavo.

-Oi. –Ele disse me dando um abraço.

-Como você está?
-Bem, e você?
-Bem!

-Que bom.  
-Sim, mas preocupada com Aline demais.

-O que ela tem?
-Melhor eu não falar.

-Está bem, vamos pra minha casa hoje?

-Não amor, minha mãe me xingou sábado, melhor eu não ir.

-Por quê? Qual o problema dela?
-Nenhum, eu cheguei tarde em casa, queria o quê?
-Tarde? Você não é mais criança.

-Amor minha mãe tem razão, porque você não vai à minha?
-Tudo bem, agente vê mais tarde.

-Ok! O que foi?

-Nada!
-Desculpa, minha cabeça está cheia, almoça comigo?
-Sim, eu almoço com você.

 

Assim que o intervalo acabou e o turno também, fui para a minha casa, esperei Gustavo chegar, tinha me arrumado e minha mãe esperava junto comigo, mas nada dele aparecer, deu uma hora da tarde e nada até que ele ligou no meu celular.

 

-Oi Eduarda! –Disse ele.

-Oi, está atrasado, o que aconteceu?
-Já estou chegando, só liguei para avisar.

-Está bem!

-E o que ele disse? –Disse minha mãe.

-Disse que está vindo.

-Está bem, vou servindo a mesa.

 

 

 

Minha mãe foi servir e eu aguardava Gustavo chegar. Passou alguns minutos e ele chegou.

 

 

-Oi! –Disse ele.

-Oi! –Eu disse, ele entrou, eu estava estranhando o comportamento de Gustavo.

-Sua mãe está?
-Sim, deve estar na sala de jantar. Senta um pouco?
-Certo. –Ele se sentou, eu me sentei ao lado dele, reparei que estava bem arrumado.

-Você está lindo! –Eu disse.

-Você também!

-O que foi amor?
-Nada não vamos começar!

-Você ficou bravo com aquela história do shopping?
-Já passou!

-Tudo bem! –Ele sorriu, eu sentia que tinha alguma coisa estranha, mas a campainha tocou, eu fui atender. Era Vanessa, eu estranhei, mas fomos entrando.

-Oi Gustavo, fofo! Como vai? –Disse ela entrando comigo.

-Oi! Bem e você?
-Bem, vou subir! –Disse Vanessa subindo a escada.

-Amor eu já volto!

 

 

Vanessa estava diferente, com uma roupa muito curta. Fui até o meu quarto onde ela entrou.

 

 

-O que foi? –Disse ela.

-O que foi digo eu!

-É que eu preciso do seu banheiro, me desculpe, eu não sabia que o Gustavo ia vir aqui hoje.

-Está bem, use, quer almoçar com agente?
-Não obrigada!

-Eu vou descer.

-Já vou!

 

 

Desci para a sala e minha mãe estava lá comprimentando Gustavo.

 

 

-Mãe?
-Oi, a mesa já está servida só falta vocês.

-Vai indo na frente que já vamos!

-Está bem, quem chegou?
-Vanessa mãe, está lá em cima agente já vai!

-Ok!

 

 

Minha mãe foi para a sala de jantar, me sentei ao lado de Gustavo. Em poucos minutos Vanessa desceu a escada.

 

 

-Desculpe incomodar vocês! –Disse ela.

-Não incomodou. –Disse Gustavo.

-Eu acabei de voltar da casa da Aline.

-E como ela está Vanessa?
-Bem, mas vai ficar de castigo um bom tempo, quer saber? Ela é boba, muito burrinha! Felipe sempre a maltratou, um dia quase bateu nela na minha frente por motivo bobo. Homem nenhum faz isso comigo, ela é boba demais, agora vai ter um bebê.

-Vanessa? –Eu disse.

-O que aconteceu? –Disse Gustavo.

-A Aline está grávida! –Disse Vanessa.

-Sério? –Disse Gustavo.

-Sim Gustavo, eu vou agora. Tchau, bom almoço!

-Tchau! –Disse Gustavo.

-Tchau Vanessa! –Eu disse.